quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

C. Exercitado (Parte B - Não deve ser descuidado)

A Bíblia não deve ser lida descuidadamente uma vez que é um livro muito acurado, exato até ao último jota e til. A palavra de Deus se esvairá através da mínima negligência. Assim como uma pessoa subjetiva perderá a palavra de Deus, assim também uma pessoa descuidada perde também sua lição. Sejamos cuidadosos. Quanto mais uma pessoa conhece a palavra de Deus, mais cuidadosa ela se torna. Para uma pessoa sem pensamento, a leitura da Bíblia se torna casual. Ouvindo a maneira como um irmão lê a Bíblia, você pode prontamente julgar se ele é uma pessoa cuidadosa ou descuidada. É, de fato, um hábito muito mau deixar de ler uma ou mais palavras em um versículo ou passagem. Devido ao mau hábito da incorreção, nós somos frequentemente inexatos no conhecimento da Bíblia. Quão facilmente a palavra de Deus pode ser tomada erradamente se somos minimamente descuidados.

Vamos ilustrar nosso ponto aqui. A Bíblia é muito cuidadosa em seu uso do singular e do plural. O singular e o plural devem ser distinguidos. Por exemplo, a palavra “pecado” tem uma diferença em número no original Grego. O singular “pecado” aponta para a natureza humana, enquanto que o plural “pecados” aponta para os atos pecaminosos do homem. Onde quer que a Bíblia fale de Deus perdoando os pecados do homem, ela sempre se refere aos atos pecaminosos dos homens – plurais em número. Deus nunca perdoa o pecado do homem no singular – ou seja, a natureza humana pecaminosa. Pois o pecado no singular não é perdoado; não, nossa natureza pecaminosa precisa ser liberta, enquanto que nossos atos pecaminosos devem ser perdoados. Isso é claramente distinguido na Bíblia.

“Pecado” e “lei do pecado” também são diferentes. A menos que uma pessoa seja liberta da lei do pecado, ela não é liberta do pecado. Romanos 6 trata com a libertação do pecado, enquanto que Romanos 7 fala da lei do pecado. Se somos um pouco descuidados, poderemos pensar que essas duas coisas são bem similares. Quando vamos a Romanos 6, concluímos que o problema do pecado foi agora resolvido, pois Paulo no final de Romanos 6 já não o conectou ao começo de Romanos 12 trazendo a questão de apresentarmos o corpo e seus membros a Deus? No entanto Paulo sabe muito bem outra coisa: que ser liberto do pecado requer o conhecimento da “lei do pecado”; e para vencer “a lei do pecado” é necessário ter a “lei do Espírito” mencionada em Romanos 8. uma pessoa descuidada pode julgar que “pecado” e “lei do pecado” são bem parecidos: mas então ele perderá a palavra de Deus. Pois a palavra de Deus é bem refinada; cada palavra Sua tem sua ênfase. Se não somos cuidadosos, podemos considerar a palavra de Deus como casual, e assim falhar em entendê-la.

Além da “lei do pecado”, há uma outra lei em Romanos 7, “a lei da morte”. Se somos descuidados, podemos também tomar essas duas leis como idênticas. Porém, na verdade, elas são totalmente diferentes. O pecado é relacionado à impureza, enquanto que a morte é relacionada á invalidez. “O bem que quero fazer, eu não faço” é a “lei da morte”, e “o mal que não quero fazer, esse eu pratico” é a “lei do pecado”. Fazer o que eu não queria fazer é o pecado, mas não fazer o que eu queria fazer é a morte. Através da co-morte, somos libertos da lei do pecado; pela co-ressurreição, somos libertos da lei da morte. De acordo, Romanos 7 mostra-nos não apenas “a lei do pecado”, mas também “a lei da morte”. Se nós somos descuidados, essas verdades certamente serão ignoradas. Uma coisa é evidente: todos os que estudam bem a Bíblia são pessoas cuidadosas e acuradas.

Alguém pode nos ter dito que, uma vez que somos agora vestidos com as vestes de justiça de Jesus – ou seja que Deus nos deu a justiça do Senhor Jesus para ser nossa veste de justiça – não estamos mais nus, podendo aproximar-se de Deus. Não obstante, não há tal ensinamento na Bíblia. Nenhum lugar nas Escrituras ensina que Deus nos dá nos deu a justiça do Senhor Jesus para ser nossa justiça. Em vez disso, ela declara que Deus nos deu o Senhor Jesus para ser nossa justiça. Deus não nos deu um pedaço da justiça do Senhor para ser nossa justiça, pois Ele deu o próprio Senhor Jesus para ser nossa justiça. Quão vasta é essa diferença aqui! Os descuidados podem considerar a justiça do Senhor Jesus e o senhor Jesus como a justiça como sendo a mesma coisa, não percebendo que a justiça do Senhor Jesus pertence somente a Ele e não pode ser imputada a nós. Qualquer que vier a Deus deve ter justiça. O Senhor Jesus, Ele mesmo, precisa de justiça para vir diante de Deus; Sua própria justiça é Sua, para Seu uso próprio. E aquela justiça é a justiça que Ele vive na terra. Se fosse possível que aquela justiça fosse transferida para nós, nós teríamos de fato justiça; mas porque, então, devia o Senhor Jesus morrer por nós? Mas o fato é que Sua justiça não pode ser transferida. Ela é para sempre dEle, e ninguém pode compartilhar a Sua justiça.

Qual é, então, a nossa justiça? O próprio Senhor Jesus, e não a Sua própria justiça, se torna nossa justiça. Com a exceção de 2 Pedro 1.1 (“a justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”), que carrega um significado especial, todas as outras passagens do Novo Testamento inteiro falam do próprio Senhor Jesus sendo nossa justiça, nunca Sua justiça se tornando nossa justiça. A justiça do Senhor Jesus qualifica Ele para ser o Salvador: uma vez que Ele tem justiça, Ele não tem necessidade de expiação. Ele próprio é, porém, justificado por Deus e nos é dado como justiça. Somos vestidos com Ele. Estando vestidos de Cristo, estamos vestidos de justiça. Somos justificados perante Deus, não porque temos tantas boas obras, mas por que estamos vestidos de Cristo o qual é nossa justiça. Somos aceitos no Filho Amado, não na justiça do Filho Amado. A fim de estudar bem a Bíblia, precisamos ser exatos.
Algumas pessoas sugerem que é o sangue do Senhor Jesus que nos dá vida, significando que nossa nova vida é baseada em Seu sangue. Eles argumentam que bebendo o sangue do Senhor Jesus nós obtemos vida. Que Escritura eles usam? Eles citam a palavra em Levítico 17.14: “A vida de toda carne está em seu sangue.” Se lermos essas palavras superficialmente, podemos ver essa interpretação como razoável. No entanto, o sangue não dá nos dá nova vida. Pois o sangue é para expiação; o sangue é para satisfazer a exigência de Deus. Nós encontramos o princípio ordenado a esse respeito em Êxodo 12.13, que diz, “Quando eu vir o sangue, passarei sobre vocês.” O sangue é para Deus ver. É para satisfazer a Sua exigência, não a nossa. Há apenas um lugar na Bíblia que fala da eficácia do sangue junto a nós – de que é efetivo sobre a nossa consciência, que na realidade é para com Deus também.

Qual é, então, o significado da “vida” em Levítico 17? Essa palavra vida é “alma” na linguagem original e, portanto, aponta para a “vida da alma”. O Senhor Jesus derramou a Sua própria vida da alma. Diz Isaías, “Ele derramou a sua alma até a morte” (53.12). Ao derramar Seu sangue, o Senhor Jesus derramou Sua alma. E isso é para expiação. Na cruz, Ele clamou em alta voz, “Pai, nas tuas mãos eu entrego meu espírito” (Lucas 23.46); e tendo dito isso Ele morreu. Seu corpo estava pendurado na cruz; sua alma fora derramada no sangue para expiação (a característica do homem é a alma; a alma que peca deve morrer; assim, o assento da personalidade humana deve morrer); e Seu espírito foi entregue a Deus.

Em João 6 há várias referências como “Aquele que comer da minha carne e beber do meu sangue tem vida eterna”, e, “O pão que eu darei é a minha carne, pela vida do mundo”; mas nunca diz que quem beber do sangue tem vida. A fim de obter vida, é necessário que haja o comer da carne junto com o beber do sangue. Aprendamos a ser pessoas cuidadosas. Se misturamos o que Deus tem separado, podemos facilmente desentender Sua palavra. Não devemos ler a Bíblia casualmente. Buscando as Escrituras cuidadosamente, reunindo as centenas de passagens sobre o sangue, podemos ver que o sangue á para satisfazer a exigência de Deus, não a nossa.

Suponha que alguém diz: Nós não vamos mais pecar se o sangue purificou nosso coração e lavou a raiz do nosso pecado. Como deveríamos responder? Replicaremos: O sangue do Senhor nunca lavou nosso coração. Em nenhum lugar a Bíblia diz que o sangue do Senhor Jesus lava nosso coração. Em vez disso, a Palavra indica que Deus tem nos dado um novo coração. O coração é enganoso sobre todas as coisas; ele não pode ser lavado nem limpo. O sangue é para expiação do pecado, não para limpeza. É para perdão, não para santidade (santidade perante Deus e santidade no homem não são a mesma coisa).

Alguém pode levantar uma objeção dizendo, Hebreus 10 não menciona como o sangue do Senhor Jesus lava nosso coração? Não, a declaração lá diz, “Tendo nossos corações aspergidos de uma má consciência” (v. 22). A consciência é parte do coração; é a única parte onde somos conscientes do pecado. O sangue satisfaz a exigência da consciência do nosso coração e também a exigência de Deus.

Assim que percebemos como o Senhor Jesus expiou nosso pecado, nossa consciência naturalmente não terá mais consciência do pecado. Dessa forma, o efeito do pecado sobre a nossa consciência não é impedir-nos de pecar, mas libertar-nos da consciência do pecado. Não pecar é a obra do Santo Espírito. Não devemos confundir a obra do sangue com a obra do Espírito Santo.

Devemos desenvolver o hábito da precisão diante de Deus. Se não somos precisos, nós traremos dano à exatidão de Deus. Pessoas com o hábito da imprecisão não serão aptas para encontrar nada nas suas leituras da Bíblia. Devemos entender que a Bíblia é tão exata que não permite imprecisões. Aceitemos o treinamento para a precisão.

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