sexta-feira, 10 de junho de 2016

b. Através da semelhança

Para obtermos impressões adequadas a partir da Bíblia, às vezes, é necessário um contraste como indicado pelos cinco exemplos já mencionados; mas, por vezes, é necessária uma similaridade também, isto é, uma união de casos semelhantes, para obtermos uma corrente de impressões.

(1) Queixas das pessoas contra o Senhor

Caso 1
O Senhor Adormecido em um barco

Está registrado em Mateus 8:23-27 que, em uma ocasião, o Senhor Jesus cruzou o mar com os discípulos. De repente, surgiu uma grande tempestade no mar, mas o Senhor estava dormindo. Seus discípulos estavam em pânico e o despertaram, dizendo: "Salva-nos, Senhor; pois perecemos." Marcos 4 adiciona isso: "Tu não te importas?", como se estivesse sugerindo: Como você poderia ainda estar dormindo? Ao dizer essas coisas os discípulos estavam expressando a sua queixa contra o Senhor. Eles não só gritaram por socorro, eles também registraram seu descontentamento. Em tal instante, o Senhor Jesus levantou-se, repreendeu o vento e o mar, e houve grande bonança. Mas Ele, então, voltou-se e censurou-lhes pela sua pouca fé. Ora, o Senhor tinha Sua razão para repreendê-los, porque Ele tinha recém lhes dito: "Passemos para o outro lado" (Mc 4,35). Se Ele disse “para o outro lado”, eles iriam seguramente chegar ao outro lado. O que, portanto, tinham eles para temer no caminho, seja tempestade ou ondas ou qualquer outra coisa? O Senhor Jesus estava ensinando-lhes a lição de fé. O que é a fé? Acreditar no que o Senhor disse; ou seja, "vão para o outro lado." É absolutamente impossível para o barco naufragar para o fundo do mar após o Senhor ter dito: Para o outro lado. Isso, então, foi a razão por que o Senhor os repreendeu: porque eles não tinham acreditado.
Um fato mais surpreendente é que o Senhor Jesus nunca pede desculpas a qualquer homem. Normalmente, quanto mais instruída uma pessoa diante de Deus, mais desculpas ela vai pedir. Aquele que aprendeu mais é muito mais sensível ao sentimento dos outros, e, portanto, ele invariavelmente vai pedir mais desculpas. Mas o Senhor Jesus é excepcional - Ele nunca pede desculpas a ninguém. À primeira vista, neste incidente, os discípulos pareciam estar certos e o Senhor Jesus errado. A tempestade estava no auge e as ondas estavam passando por sobre o barco. "Não te importa que pereçamos?" Mesmo assim, quando o Senhor Jesus se levantou Ele não fez nenhum pedido de desculpas. O fato de não se desculpar é a Sua glória. Ele sabia que não tinha dormido demais; Ele não tinha feito nada de errado. Ele havia dito: "Vão para o outro lado" - e eles realmente iriam para o outro lado! Ninguém pode descobrir qualquer palavra falada pelo Senhor que estivesse vazia e sem efeito: ninguém pode encará-lo para culpá-lo em qualquer ponto. Isso prova o quão glorioso é o Senhor!

Caso 2
Mulher com fluxo de sangue que tocou o Senhor

O mesmo princípio é visto no caso da mulher com um fluxo de sangue tocando o Senhor, como registrado em Marcos 5. Quando aquela mulher O tocou, o Senhor virou e perguntou: "Quem tocou minhas vestes?" Os Seus discípulos disseram para Ele, "vês que a multidão te aperta, e dizes: Quem me tocou?" O tom deles revelou seu descontentamento com o Senhor. Mas o Senhor não disse: "Desculpe, perguntei da forma errada." Em vez disso, Ele olhou atentamente ao redor para ver quem tinha feito aquilo. O que Ele realmente queria dizer com Sua pergunta era: Alguém Me tocou, e vocês não sabiam. Você percebem apenas a pessoas que se amontoam, mas eu notei aquela que toca. A julgar pela aparência, o Senhor parecia estar errado e a denúncia dos discípulos parecia estar certa; mas na realidade o erro foi dos discípulos e não do Senhor. Nenhuma vez o nosso Senhor pediu desculpas a ninguém. Quão extremamente glorioso é este fato, que deve fazer com que nossos corações se curvam e adorem.

Caso 3
Lázaro morreu

Mais uma vez, como relatado em João 11, as pessoas queixaram-se contra o Senhor. "Senhor", disse Marta, "se tu estivesses aqui, meu irmão não teria morrido." Ela estava culpando o Senhor por Sua chegada tardia. Ela não tinha enviado mensageiros a dias ele antes? E por que então Ele tinha que vir tão tarde? E por Ele ter de fato chegado tão tarde, seu irmão tinha morrido e tinha até mesmo sido enterrado. "Se tu estivesses aqui" deu vazão ao ressentimento profundo no coração de Marta. Ao vermos a cena de fora, a palavra de Marta parece ser justificada. No entanto, o Senhor entendeu perfeitamente o que estava fazendo. Ele estava propositalmente atrasado, ficando dois dias no lugar onde estava. Os homens poderiam considerá-lo demasiado tarde, mas o Senhor Jesus se atrasou com um propósito. Nosso Senhor nunca pede desculpas, porque Ele nunca está errado. Pedimos desculpas por que temos culpa; na verdade, se nós nunca pedirmos desculpas, estamos sendo realmente muito orgulhosos. Quanto mais mansos e humildes somos, mais rápido vamos pedir desculpas. Não é assim com o Senhor. Embora Ele seja humilde e gentil, Ele não tem nada por que se desculpar, uma vez que Ele nunca fez algo errado. Quando as pessoas expressarem o seu descontentamento com Ele, Ele não tem o menor sentimento de estar errado. Ele sabe exatamente o que está fazendo.
Há muitos casos no Novo Testamento semelhantes a estes. Vamos aprender um princípio aqui: que sempre que encontramos situações semelhantes na Bíblia, devemos colocá-las todas juntas. Dos três casos acima, podemos discernir um fato mais glorioso, que é: ao longo de toda a Sua vida, nosso Senhor nunca retirou uma palavra ou refez uma ação. Como é belo e glorioso este fato! O que é mais gloriosa: a cura de Lázaro ou a ressurreição de Lázaro dentre os mortos? Ele sabe que a ressurreição de Lázaro dentre os mortos é muito mais gloriosa. "Se crês, verás a glória de Deus."

(2) As pessoas desejam ensinar o Senhor

Caso 1
"Este bálsamo podia ser vendido. . . e dado aos pobres "

Às vezes as pessoas não só expressam suas queixas contra o Senhor, elas até mesmo pensam em instruí-lo. "Para que finalidade foi feito este desperdício de bálsamo?", perguntaram os discípulos. "Pois este bálsamo podia ser vendido por mais de trezentos xelins, e dado aos pobres" (Marcos 14.4,5). Este foi um caso de ensinar o Senhor. Os discípulos poderia pensar em alguma outra maneira de usar o unguento – vendê-lo e dar o dinheiro aos pobres. O Senhor, no entanto, sabia exatamente o que estava fazendo. Então Ele disse: "Ela praticou uma boa ação para comigo." O Senhor nunca disse uma palavra ou praticou quaisquer atos que Ele mesmo não soubesse. Ele não precisa de ninguém para melhorá-lO. Só os tolos algum dia sonharão com melhorar ou orientar o Senhor.

Caso 2
"Que isso jamais Te aconteça"

Quando o Senhor mostrou aos discípulos como Ele deveria ir a Jerusalém e ser crucificado, o que Pedro disse a ele? "Senhor, que isso jamais Te aconteça!" O Senhor, porém, respondeu: "Para trás de mim, Satanás" (Mat. 16,21-23). Peter desejou instruir o Senhor; e, em vez disso, sua tolice estava sendo exposta.

Caso 3
"Que tipo de mulher ela é"

Uma vez, o Senhor Jesus estava comendo na casa de Simão, um dos fariseus. Uma mulher entrou e se posicionou atrás do Senhor, aos seus pés - chorando, molhando os Seus pés com lágrimas, e limpando-os com os cabelos da sua cabeça. Simão falou dentro de si mesmo, meditando, "Este homem, se ele fosse um profeta, saberia quem e de que qualidade é essa mulher que o toca" (Lc 7,36-39). Vamos contemplar o espírito de Simão. Ele parecia entreter a ideia de dizer ao Senhor: Você deveria ter pelo menos julgado que tipo de mulher ela é antes de lhe permitir chegar perto de você e ficar a seus pés. Embora Simão não tinha aberto a boca, o Senhor conhecia o seu coração. Por isso, Ele disse-lhe a parábola do muito perdoado e do pouco perdoado. O que o Senhor tentou transmitir para Simão foi: Você não Me deu água para os pés, porque sentiu que pouco lhe foi perdoado; mas ela tem molhado meus pés com lágrimas, porque ela sentiu que muito lhe foi perdoado. Ao obter tal impressão, podemos facilmente ver como é tolo que qualquer homem tente ser conselheiro do Senhor. Além disso, vamos começar a conhecer Jesus de Nazaré de uma forma que nunca havíamos conhecido antes.

(3) O Senhor ama que as pessoas peçam grandes coisas

Ao ler cuidadosamente os Evangelhos, estamos impressionados com o quanto o Senhor ama que as pessoas façam pedidos a Ele. Quanto maior a demanda, mais feliz Ele é.

Amostra 1
"Se queres, podes limpar-me"

Vejamos a história de um leproso relatada em Marcos 1. De acordo com a lei judaica, aquele que tem lepra é proibido de ter qualquer contato com outras pessoas. Quem tocar um leproso é também contaminado (ver Lev. 13 e 14). Agora um certo leproso aproximou-se do Senhor Jesus. Por favor, note que esta própria aproximação foi em si ilegal. Ó, tenhamos a impressão correta aqui! Sempre que um leproso vem adiante, devemos ser imediatamente sensíveis sobre isso. A menos que alguém esteja disposto a gastar e ser gasto de si mesmo, ele irá espontaneamente reagir, dizendo: Você vem para me prejudicar! Eu não pode ter qualquer contato com você, então por que você vem!?! Este leproso, ao aproximar-se, não pediu ao Senhor para ser limpo; em vez disso, ele implorou: "Se queres, podes limpar-me." Quão forte foi o pedido! Ele colocou toda a responsabilidade sobre o Senhor - aquilo se tornou puramente uma questão de Ele estar não disposto. Esta não foi uma oração comum; esta oração testou o coração do Senhor. Além disso, o Senhor poderia facilmente ter apenas dito uma palavra para o leproso e, dessa forma fazê-lo limpo, mas ele usou a mão para tocar o leproso, assim como Ele falou a palavra, "Quero; sê limpo." Que risco! Suponha que o leproso não fora feito limpo; então o próprio Senhor seria corrompido! No entanto, com quão bom grado nosso Senhor se comprometeu com a situação. Ele arriscou Sua própria santidade e pureza em Suas medidas tomadas para o leproso. Ou ambos foram limpos ou ambos estão contaminados; ou os dois foram lançados para fora do acampamento ou ambos voltaram para o acampamento. Ó, quão alegremente o Senhor gasta-Se. Que hábito caro Ele tinha!

Amostra 2
"Descoberto o telhado"

Marcos 2 narra como quatro homens trouxeram um homem doente de paralisia ao Senhor Jesus. Eles não podiam chegar perto por causa da multidão. Então eles "descobriram o telhado" onde o Senhor estava e baixaram o leito em que o paralítico estava deitado. Agora vamos novamente ser com toda razão impressionados com a situação: Aqui está o Senhor, que deve, neste momento, estar extremamente ocupado, com uma multidão de necessitados rodeando Ele. No entanto, estes quatro homens desceram o paralítico pelo telhado. Naquele dia, o Senhor estava usando a casa dos outros para pregar. Como problemático, portanto, deve ter sido o fato de que esses homens teriam de consertar o telhado, já que o tinham rasgado. Longe de alertá-los para não fazer isso da próxima vez, o Senhor parecia estar satisfeito com a sua forte solicitação. Parece que, quanto maior a demanda sobre Ele, mais feliz ela O deixa. É assim que chegamos a conhecer o Senhor que Ele é. Se não conseguirmos obter essa impressão, como podemos conhecê-Lo?

Amostra 3
"Jesus, filho de Davi, tem misericórdia de mim"

Quando o Senhor estava saindo de Jericó, Bartimeu clamou: "Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim" (Mc 10,47). Muitos o admoestavam a se acalmar; mas ele clamava ainda mais. Quanto ao próprio Senhor, Ele não gostava de tal clamor. Por acaso não está escrito: "Ele não se esforçará, nem gritará; nem qualquer um ouvir a sua voz nas ruas" (Mat. 12.19)? Embora Ele possa ter Sua própria preferência, mesmo assim, quando uma pessoa clama para que Ele gaste a Si mesmo, Ele terá prazer em curá-lo. O Senhor ama que as pessoas abram suas bocas e peçam grandes coisas dEle. Com bom grado, Ele quer dispensar abundante graça.

Amostra 4
"Os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos"

O princípio do Senhor gastando-Se torna-se ainda mais claro no caso da mulher cananéia. O pão foi preparado para as crianças (de Israel); mas, disse esta mulher gentia, “mesmo os cachorrinhos comem das migalhas que caem da mesa dos seus donos” (Mat. 15.27). Aqui estava uma demanda que ultrapassava os limites; mas o Senhor estava satisfeito com essa demanda. Ele não só respondeu sua oração pela cura de sua filha, mas também elogiou sua grande fé. Muitos são tais exemplos nos Evangelhos. Se recebermos corretamente essas impressões, seremos capazes de conhecer o coração do Senhor nestes assuntos.

Amostra 5
"Eu creio; ajuda a minha incredulidade "

Quando o Senhor Jesus desceu do monte da transfiguração, Ele encontrou um pai que trazia seu filho possuído por um demônio. Agora este homem, deve-se notar, foi repreendido pelo Senhor (cf. Mc 9,14-29). O Senhor não tinha censurado o leproso que veio a Ele; nem repreendeu o homem paralítico que veio através do telhado. Pelo contrário, Ele tinha ficado feliz com as suas exigências excessivas. Este pai, será lembrado, tinha trazido seu filho pela primeira vez aos discípulos, que não conseguiram expulsar o demônio. Então agora ele veio ao Senhor. Quando lhe foi perguntado há quanto tempo isto vinha acontecendo ao seu filho, o pai respondeu: "Desde criança. E frequentemente o tem lançado no fogo e na água, para o destruir; mas, se podes fazer alguma coisa, tem compaixão de nós e ajuda-nos" Retomando a palavra, o Senhor Jesus disse: "Se tu podes! Tudo é possível ao que crê." O que o Senhor quis dizer foi: você estava perguntando "Se tu podes "; você deve saber que "tudo é possível ao que crê." O problema reside em saber se você acredita, e não em saber se Eu posso fazer.
Vamos tentar compreender a situação daquele momento. Esse pai era bastante tímido. Ele tinha o coração para vir ao Senhor, mas ele não acreditou no Senhor. Ele não conseguia acreditar em seu poder, pois ele disse: "Se tu podes fazer qualquer coisa." Esta palavra foi respondida com uma severa reprimenda do Senhor. Nosso Senhor não gosta de pessoas fazendo pequenos pedidos a Ele; Ele não tem medo de ter pessoas perguntando-Lhe “se você está disposto ou não”; Ou “você deve fazê-lo.” Mas a atitude do pai aqui foi: “Se você é capaz, tudo bem; se você não é, deixa assim; Os Seus discípulos não puderam, por isso não irá realmente ser um problema se você não puder também.” Perante esta atitude, o Senhor repreendeu-o, dizendo: Você ainda estava dizendo "se tu podes"; mas "tudo é possível ao que crê"! Ao ouvir esta palavra, o pai imediatamente gritou com lágrimas: "Eu acredito; Ajuda a minha incredulidade!” Sendo repreendido e mostrando sua culpa, ele se converteu ao Senhor. Agora ele acreditava e, assim fazendo, ele colocou toda a responsabilidade sobre o Senhor. Quão bela foi a cena! Quanto maior é a demanda da pessoa, mais feliz é o Senhor; quanto menor for sua demanda, maior se tornará o Seu desagrado. Que possamos ser pessoas sensíveis que permitem que Deus deposite essas impressões em nós. E assim veremos que os Evangelhos como um todo estão cheios da glória do Senhor.

segunda-feira, 2 de junho de 2008

a. Por meio de contraste

Exemplo 1
Zaqueu e os Dois Discípulos em Emaús

Quando lemos Lucas 19 e Lucas 24, notamos que os fatos sobre o Senhor vindo à casa de Zaqueu e Sua vinda à casa dos dois discípulos em Emaús são totalmente diferentes. À casa de Zaqueu o Senhor mesmo queria ir, mas em Emaús Ele fez menção de ir adiante. Qualquer que seja sensível logo vê que o Senhor Jesus havia feito duas coisas inteiramente diferentes. Em um caso o Senhor estava ajudando um pecador, desprezado por todos - pois Zaqueu não era apenas um coletor de impostos ordinário, ele era um coletor-chefe. Sem esperar por ser convidado, o Senhor Jesus voluntariamente expressou o desejo de ir à sua casa. O próprio Zaqueu realmente queria ver o Senhor, mas ele não ousou se dirigir a Ele, estando envergonhado da sua infâmia assim como percebendo sua estatura pequena. Em tais circunstâncias, foi o Senhor quem se ofereceu a vir, dizendo: “Zaqueu, apressa-te, e desce; pois hoje eu devo habitar em tua casa.” Com respeito ao pecador que realmente O havia procurado, porém não ousou vir a Ele, Jesus convidou a si mesmo à casa de Zaqueu. O Senhor conhecia o coração do coletor de impostos. Quão delicado, portanto, era o sentimento do Senhor. E se nosso sentimento interior for delicado, nós também entenderemos.
Os dois homens em Emaús, por contraste, eram discípulos que haviam dado as costas. Havendo sido turvados seus olhos espirituais, eles falharam em reconhecer o Senhor quando O encontraram. O Senhor caminhou com eles e falou a eles, explicando as Escrituras. Quando os dois homens se aproximaram da vila onde eles estavam indo, o Senhor Jesus pareceu seguir caminho. Sua atitude para com esses dois discípulos foi um tanto diferente da Sua atitude para com Zaqueu. Para com o primeiro o Senhor foi humilde a ponto de voluntariamente se oferecer para ficar em sua casa porque Ele sabia o quão grande era a dificuldade exterior de Zaqueu e o quão impronunciável era o sofrimento interior de Zaqueu. Mas esses dois homens de emaús uma vez conheceram o Senhor. Mas eles haviam dado as costas agora. E mesmo depois de ouvir muitas coisas do Senhor, eles ainda se dirigiram para Emaús. Assim, o Senhor pareceu ir adiante até que eles O constrangeram a ficar. Em um caso, um homem tornou seu rosto para o Senhor, enquanto em outro dois homens tornaram as costas para o Senhor. É por isso que a atitude do Senhor para com eles é diferente em cada caso. Se pudermos tocar os sentimentos delicados do Senhor Jesus, poderemos então ser capazes de alcançar Jesus de Nazaré que Deus deseja nos revelar.

Exemplo 2
A Duas Pescarias de Pedro

Em Lucas 5 é registrado que Pedro pescou a noite inteira e não obteve nada. Mas quando o Senhor Jesus disse a ele, “Vai ao mar alto, e lançai as redes para pescar,” os pescadores obedeceram e capturaram uma grande multidão de peixes. Anteriormente eles não haviam pego nada; agora, estranhamente, eles pescaram uma grande multidão de peixes. Isso moveu Pedro a se prostrar diante dos joelhos de Jesus, dizendo, “Afasta-te de mim; pois eu sou um homem pecador, Oh Senhor.” Novamente, no registro de João 21, Pedro foi pescar. O Senhor perguntou-lhes, “Filhos, tendes alguma coisa de comer?” A que eles responderam “Não.” Então Ele novamente disse-lhes, “Lançai a rede do lado direito do barco.” Eles o fizeram e puxaram muitos peixes. Na primeira pescaria o Senhor revelou Sua glória a Pedro, uma glória tão transcendente que, sob tal iluminação, Pedro viu o quão pecador e indigno da presença do Senhor ele era. Mas na segunda pescaria, que aconteceu depois da ressurreição do Senhor, no momento em que Pedro soube que era o Senhor, ele pulou no mar e nadou até a praia. Parece que, uma vez tendo reconhecido o Senhor, Pedro não queria mais os peixes. A mesma revelação produziu dois diferentes resultados. No primeiro momento, fez com que aquele que nunca havia conhecido a si mesmo se conhecesse, pedindo assim que o Senhor se apartasse dele; por outro lado, no segundo momento, fez com que alguém que já havia conhecido o Senhor viesse ainda mais perto dEle. E, assim, devemos ter diferentes impressões desses diferentes fatos.

Exemplo 3
O Senhor Multiplicando os Pães e Maria Ungindo o Senhor

Dois incidentes são registrados nos quatro Evangelhos: um é o Senhor multiplicando pães para alimentar cinco mil, e o outro é Maria ungindo o Senhor com nardo. Depois de o Senhor ter multiplicado os pães e alimentado os cinco mil, Ele ordenou que Seus discípulos reunissem os pedaços quebrados que restaram, para que nada fosse desperdiçado (João 6.12). Isso é um tanto incomum, pois o Senhor estava desejoso de multiplicar os pães e ainda ordenou que os pedaços quebrados restantes fossem recuperados para que nada fosse desperdiçado. Mais tarde, quando os discípulos reclamaram da mulher que havia quebrado seu vaso e derramado puro nardo no Senhor (dizendo, “Por que propósito se fez esse desperdício de ungüento?”), Ele respondeu, “Ela fez-me boa obra” (Mc. 14.3-9).
Aqui encontramos um contraste entre a multiplicação dos pães e a unção com nardo. Em um evento, nada deveria ser desperdiçado. No outro, aquilo que parecia ter sido desperdiçado não foi de maneira alguma considerado desperdício. Aquilo que era o resultado de um milagre não devia ser desperdiçado, mas aquilo que havia sido comprado com trezentos dinheiros não foi desperdiçado quando derramado sobre o Senhor. Aquele nardo puro comprado com trezentos dinheiros não foi dado aos cinco mil para que usassem, foi dado para consumo do Senhor. Aquele nardo não devia ser recolhido, pelo contrário o vaso que o continha devia ser quebrado. Não era doze cestos, era um vaso de alabastro. Isso são contrastes. O Filho de Deus reuniu os pedaços de pão multiplicados miraculosamente, mas Ele aceitou a consagração do nardo que valia trezentos dinheiros sem reconhecer isso como extravagância. Todos os quatro Evangelhos registram esse incidente. E onde quer que seja pregado o evangelho pelo mundo, disse o Senhor, aquilo que a mulher fez também será falado em memória dela. assim como é amplamente espalhado o evangelho, assim é a mensagem de consagração. Onde quer que o evangelho é proclamado, a dedicação ao Senhor o segue. Agora, devemos ter uma impressão como essa dentro de nós.

Exemplo 4
O Julgamento do Senhor e Paulo Sob Julgamento

Muitas vezes é bastante instrutivo comparar os quatro Evangelhos e os Atos. Por exemplo, note que tanto o Senhor Jesus como Paulo estiveram sob julgamento. Quando Paulo estava sendo julgado, ele declarou ser um Fariseu, e um filho de Fariseus (Atos 23.6). Isso é um tanto diferente do que o Senhor Jesus afirmou quando Ele estava sob juízo. Embora tenhamos nosso irmão Paulo como precioso, o melhor que a terra pode produzir é um filho de homem, enquanto que Jesus de Nazaré é o único Filho gerado por Deus. Comparando eles, notamos imediatamente que um é o Filho Unigênito de Deus enquanto o outro é apenas uma criança nascida de Deus; um é o Senhor, enquanto o outro é o servo; um é o mestre enquanto o outro é um discípulo. Apesar do fato de que Paulo havia alcançado um alto nível espiritual, ele nunca pode ser superiormente comparado ao seu Senhor. Quão delicado precisa ser nosso sentido interior, se quisermos conhecer as apóstolos nos Atos e conhecer o Senhor nos Evangelhos. Se somos menos sensíveis, seremos incapazes de receber plenamente a impressão que o Senhor deseja que tenhamos, sendo impedidos de prostrar-se diante do Senhor, adorando-O. Uma pessoa descuidada vai ler a Bíblia como se lesse uma história comum; o Espírito Santo não é capaz de dar-lhe a imagem apropriada.

Exemplo 5
O Senhor Passando Pelo Meio [Da Multidão] e Paulo Sendo Abandonado

Uma vez, o Senhor Jesus estava na sinagoga em Nazaré. Depois de o Senhor ter lido as Escrituras e falado um pouco, Ele foi levado pela multidão enfurecida à beira de um penhasco para que Ele fosse lançado abaixo. Mas Ele, passando por entre eles, seguiu Seu caminho (ver Lc. 4.29-30). Quão digna foi esta cena! Mas, quão diferente isso foi da experiência de Paulo ao ser descido em um cesto pela muralha (ver At. 9.25). Isso não sugere de maneira nenhuma que Paulo não estava certo; simplesmente implica em que ele era de qualidade inferior a Cristo. O Senhor apenas passou por entre as pessoas. Que impressão isso nos dá! Quando o Senhor passou por entre aqueles que desejaram feri-lO, essas pessoas puderam apenas olhar para Ele espantadas. Quão honorável e glorioso é nosso Senhor!

2. Sentimentos Delicados

Muitos desejam ver a fineza da palavra de Deus, mas devido à sua falta de sentimentos delicados ele falham em captar esses pontos intrincados. Vamos testar isso nos quatro Evangelhos e nos Atos, que narram as coisas concernentes ao Senhor Jesus. Esses cinco livros dão mais fatos sobre o Senhor Jesus do que as Epístolas. Nós devemos receber preciosas impressões desses fatos. Vamos ilustrar com os seguintes exemplos.

1. Impressão do Fato

O segundo item que o Espírito Santo nos demanda quando lemos a Bíblia é que tenhamos impressão do fato. A Bíblia não é totalmente doutrina, uma vez que muitas de suas partes lidam com fatos, histórias e estórias. O Espírito Santo, através desses fatos e histórias e estórias, espera produzir uma impressão em nós, sendo para Ele bem fácil nos falar a palavra de Deus dessa forma. Se a palavra de Deus falha em criar uma impressão, ela se esvairá de nós sem deixar nenhum efeito esperado.

A impressão mencionada aqui não se refere a uma familiaridade com qualquer história que seja, mas com uma imagem definida que emerge da característica da história. Cada evento registrado na Bíblia tem sua característica. Se falharmos em reconhecer esse aspecto em especial, não seremos capazes de entender a palavra de Deus. Pode se assemelhar a um contrato que é efetivo não com qualquer selo, mas somente com o selo certo. Assim, a impressão aqui discutida enfoca mais a característica do que os conteúdos de qualquer evento. Descobrindo essa característica, poderemos ouvir o que Deus especialmente deseja dizer naquela ocasião em particular. É possível lembrar uma coisa, e até mesmo relacioná-la, e ainda assim perder sua distinção, falhando assim em entender a palavra de Deus. No Novo Testamento são encontradas as Epístolas e o Apocalipse assim como os Evangelhos e os Atos. Enquanto lemos as Epístolas, precisamos entrar no pensamento do Espírito Santo; quando lemos os quatro Evangelhos e os Atos, precisamos ter um coração que o Espírito Santo possa impressionar com fatos, levando-nos a perceber a diferença entre esse e outros fatos, conhecendo assim a distinção de cada fato.

Ser impressionado com uma impressão é como tirar uma fotografia. Há muitas décadas atrás, uma polegada de filme fotográfico era coberta por dezenas de milhares de minúsculas partículas de brometo de prata, de forma que a fotografia reproduzida não era muito atraente devido a esses pontos escuros. Mais tarde, um grande melhoramento fez com que não houvesse mais pontos escuros na foto. Já que uma polegada de filme é coberta por muitos milhões de partículas de brometo de prata, a impressão tornou-se clara e distinta. De forma semelhante, quanto mais delicados e sensíveis somos interiormente, mais clara as impressões que recebemos; mas quanto menos refinados somos interiormente, menos impressões obtemos. Se o coração e o espírito de uma pessoa estão abertos a Deus, sua sensibilidade se desenvolverá a tal nível que, qualquer que seja o fato que o Espírito Santo passe perto dele, a impressão que ele recebe será afiada e profunda. Uma pessoa espiritualmente delicada e sensível verá pelo menos duas coisas: primeiro, ela naturalmente notará a ênfase que Deus deseja revelar em Sua palavra; e segundo, ela poderá detectar a diferença entre o que Deus quer falar em um fato particular daquilo que Ele quer falar no resto.

Todos os espiritualmente obtusos falham em apreciar a fineza da palavra de Deus. Para que a palavra de Deus deixe neles uma impressão indelével, eles devem se guardar em humildade e em extrema sensibilidade. Assim, eles alcançarão os pontos finos assim como o esboço da palavra.

sábado, 31 de maio de 2008

3. Dois métodos de treinamento

A fim de treinar nosso pensamento, devemos adotar ambos os métodos a seguir.
Primeiro método- Separe o texto e a explicação. Ao pesquisar o Novo Testamento, podemos tentar pôr todas as explicações do Espírito Santo dentro de colchetes. Tudo o que está entre colchetes são ramos, enquanto que o que está fora são as hastes principais. Através do material “sem-colchetes”, podemos rapidamente descobrir o pensamento principal.

Vamos tentar este método em Romanos. “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser um apóstolo, separado para o evangelho de Deus” (1.1). Isso é distintivamente a palavra introdutória ao livro de Romanos. “O qual ele prometeu através de seus profetas nas santas Escrituras, a respeito de seu Filho, que nasceu da semente de Davi de segundo a carne, que foi declarado filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos; Cristo Jesus, nosso Senhor” (1.2-4). Isso é para explicar o evangelho; e, assim, isso é a ramificação. Podemos pôr esses três versos em colchetes. “Por quem recebemos graça e apostolado, pela obediência da fé entre todas as nações, pelo seu nome” (1.5). Esse é o texto. Se estudamos todo o livro de Romanos dessa forma, poderemos ver o pensamento principal nesta carta.

No começo, não procure a explicação. Separe o texto primeiro e então estude a explicação. Descubra o pensamento principal do Espírito Santo e adicione a ele a explicação posteriormente O que é o evangelho? “Que ele [Deus] prometeu através de seus profetas nas santas Escrituras.” Deus primeiro profetiza do evangelho antes de enviar o Senhor Jesus para realizá-lo. Na realização do evangelho, há duas partes: a da carne e a do espírito: uma é a vida do Filho de Maria na terra e a outra é vida do Filho de Deus no céu. Os quatro Evangelhos estão na parte carnal, enquanto que as Epístolas falam da parte espiritual. Então, quando lemos, podemos conectar o verso 5 com o verso 1, deixando os versos 2-4 para um estudo posterior. Sempre leia o pensamento principal primeiro e então leia a explicação; e dessa forma entraremos no pensamento original do apóstolo. Toda a Bíblia, especialmente as Epístolas, deveria ser lida dessa maneira. Cada servo de Deus deve saber qual é o pensamento principal ou o tema de cada livro e qual é sua explicação. Esse é o primeiro passo a tomar.

Qual é a vantagem de tomar esse primeiro passo? Ele ajuda-nos a ver em uma certa passagem quantas são as verdades principais e quantas são suas explicações. Quando nos levantamos para ser ministros da palavra de Deus, devemos dar pensamentos principais junto com explicações. Embora, como ministros de Deus, nunca seremos iguais aos primeiros apóstolos em sua perfeição e profundidade, o mesmo princípio nos governa. Assim que separamos o texto na Escritura de sua explicação, imediatamente observamos um maravilhoso fato: que a quantidade e grau de explicação dada na Bíblia são exatamente certos. Nos curvaremos e louvaremos ao Senhor, dizendo, Quão perfeita é Tua palavra! Ao dar uma mensagem, quão facilmente nossas palavras tornam-se fracas e elementares se usamos muitas explicações e ilustrações. Notemos a forma como a explicação é dada na Bíblia. Palavras de explicação não deveriam ser usadas profusamente; explique apenas quando as pessoas não entendem. A explicação é para fazer a pessoas entenderem, por isso não deve ser usada demais. Quão balanceada é a foram como as Sagradas Escrituras são escritas!

Segundo método- Devemos tentar reescrever o texto com nossas próprias palavras; parafraseá-lo com palavras que nós mesmo consideramos facilmente inteligíveis. Por exemplo, Romanos 1.1, 5 e 6 são o texto. Essas palavras foram escritas por Paulo. Agora, depois de ter compreendido o pensamento de Paulo, devemos tentar pôr em nossas próprias palavras. Comece escrevendo apenas o texto, não a explicação entre parênteses. Isso é semelhante a escrever em nossas próprias palavras qualquer história que nos é contada pelo nosso professor depois de haver compreendido. Ao parafrasear as Escrituras, devemos ser o mais possivelmente objetivos, ou seja, reescrevendo passagens de acordo com seu sentido original, sem adicionar nosso próprio pensamento. Precisamos treinar a nós mesmos para seguir o pensamento do Espírito Santo, unindo nosso pensamento com o Seu.

Sem dúvida, podemos cometer erros ao parafrasear as Escrituras. Depois de muitas vezes de correção, no entanto, podemos um dia ser mais precisos nesse trabalho. Se uma pessoa pode aprender dessa maneira, ela pode mais facilmente entender a palavra de Deus. O que é essencial é pôr-se completamente de lado. Nós falharemos se formos orgulhosos ou subjetivos. Devemos aprender a ser objetivos, humildes e submissos. O pensamento do humilde e submisso naturalmente seguirá o pensamento do Espírito Santo. Cada um que estuda as Escrituras deve aprender essa lição.

2. Encontrar a haste e os ramos

A palavra na Bíblia tem seu tema assim como sua explicação. Algumas palavras são de significação primária, outras são de um tipo subordinado. Algumas são como hastes (ou eixos), outras são como ramificações. Nós não devemos perseguir as ramificações e abandonar as hastes, nem notar as hastes e negligenciar os ramos. Precisamos observar cuidadosamente o que o Espírito Santo está mirando em um livro particular; como Ele o diz, quantas coisas Ele menciona, e com quantas palavras Ele finalmente alcança o objetivo. Sigamos o pensamento do Espírito Santo e pensemos sobre essas coisas passo a passo. Tenha me mente que o Espírito Santo tem Seu pensamento principal assim com Sua explicação. Assim como alguém, por exemplo, faz uma explicação em poucas palavras depois de ter começado a escrever um tópico. Isso poderia ser chamado de ramo (ou ramificação). Um ramo, porém, nunca cresce até ao céu sem retornar à terra. Assim, depois de o Espírito Santo ter explicado com cinco ou dez versos, Ele voltará à haste. Não estejamos tão ocupados com a explicação a ponto de falhar em retornar ao assunto principal a que o Espírito Santo está conduzindo. Nas Epístolas, freqüentemente encontramos uma passagem de pensamento principal interpolada por uma seção de explicação. A fim de entender o que estamos lendo, devemos claramente distinguir quais palavras são hastes e quais palavras são ramos. Não devemos simplesmente correr através delas. Quando o Espírito Santo se desvia para explicar, devemos também se desviar. Quando Ele retorna ao tema, devemos ser muito responsáveis, não confiando em nós mesmos, nem confiando na carne.

A palavra na Bíblia tem suas hastes e seus ramos, e essas duas estão mutuamente unidas para formar um todo completo. Por exemplo, ao escrever a carta aos Romanos, o Espírito Santo não nos deu alguns versos isolados como 3.23 ou 6.23 ou 8.1. O livro inteiro apresenta um pensamento inteiro, uma entidade completa, sem faltar em nada. Por essa razão, não devemos pregar sobre alguns versículos tirados de seu contexto. Devemos emprestá-los por razões específicas, mas precisamos fazer distinção entre pegar emprestado das Escrituras e explicá-las detalhadamente. Mesmo emprestando, devemos ainda conhecer o contexto, sob risco de usá-las erradamente como pretexto.

Uma vez tendo nosso pensamento disciplinado, seremos agora capazes de aprender como fixar a luz com nosso pensamento. A luz brilha, mas por apenas um instante; deve, por isso, ser fixada pelo pensamento. Se nosso pensamento é indisciplinado, não sabendo como entrar no pensamento do Espírito Santo, seremos incapazes de fixar a luz com o pensamento quando a revelação vier. Consequentemente, nosso pensamento deve ser disciplinado para ser totalmente objetivo e seguir totalmente o Espírito Santo.

O Espírito Santo tem Sua maneira de falar. Por exemplo, Romanos Capítulo 1 e 2 falam do pecado do homem; o Capítulo 3, de redenção; o Capítulo 4, de fé; o Capítulo 5, do pecador; o Capítulo 6, do pecador que morreu; o Capítulo 7, das duas leis; o Capítulo 8, do Espírito Santo; os Capítulos 9-11, de ilustrações; o Capítulo 12, de Cristo e a igreja; e os Capítulos 13-16, dos vários aspectos da conduta de uma pessoa salva.
Quando lemos esse livro, devemos saber o que o Espírito Santo queria dizer naquela ocasião. Notemos que, em cada seção da sua carta, o Espírito Santo tem Seu pensamento principal. Ele primeiro fala do pecado do homem, depois na sua solução e a realização da justiça de Deus. Isso é seguido pela questão da fé e a dificuldade com a fé, que é a obra do homem. Além do problema do pecado do homem, há também o problema do próprio homem. Então, no capítulo 6, o Espírito Santo habita no pecador (ou velho homem) crucificado. O problema do pecado do homem é resolvido pela fé no Senhor como nosso substituto; o problema do pecador é resolvido pelo crer na co-morte como o Senhor. Nos capítulos 9-11, o Espírito usa Israel para ilustrar a graça de Deus e a fé. Então, no capítulo 12, Ele descreve a situação de um Cristão consagrado; e assim por diante. Do Capítulo 1, através do Capítulo 16, os sentimentos interiores de Paulo são bem notáveis. E essas são as hastes principais.
Mas, quanto aos ramos, desde a primeira seção há alguns. Quando o Espírito Santo está explicando o pecado do homem, Ele distingue os judeus e os gentios antes de retornar ao Seu pensamento principal. No estudo da Bíblia, portanto, devemos seguir o pensamento do Espírito Santo.

1. Unir-se com o pensamento do Espírito Santo

Um estudante da Bíblia deve ser uma pessoa objetiva; ele não deve confiar no seu próprio pensamento. O Espírito Santo tem um pensamento; o pensamento do homem precisa entrar no Seu pensamento e se fundir com ele. Quando o Espírito Santo pensa, eu penso. Pode ser semelhante a um rio, do qual o Espírito Santo é a corrente principal e eu sou um afluente. O Espírito Santo é como uma grande corrente, e eu como uma pequena corrente. A água da pequena corrente e a água da corrente grande se unem e fluem juntas. Se a corrente flui para leste, a pequena corrente também flui para leste. Apesar da pequenez da corrente menor, ela alcançará o vasto oceano se fluir com a grande corrente.

A ênfase na Bíblia varia: às vezes enfoca o fato, às vezes o espírito, mas às vezes enfoca o pensamento. Seja qual for a ênfase, todos os três elementos estão sempre presentes. No momento em que o pensamento prevalece, estarão presentes também o espírito e o fato, e assim por diante. Agora, quando encontramos o pensamento do Espírito Santo, nós devemos ser objetivos assim como capazes de seguir Seu pensamento. Eles podem forçar a si mesmos para pensar de acordo com o Espírito Santo por dez minutos, mas então seu próprio pensamento automaticamente toma conta. Tais pessoas subjetivas são incapazes de estudar a Bíblia. O tratamento da pessoa é, portanto, uma das condições básicas para o estudo da palavra de Deus.

Ao ler as Escrituras, a pessoa deve usar a mente; mas seu pensamento e o pensamento do Espírito Santo devem seguir a mesma linha e a mesma direção. Onde quer que o Espírito Santo vá, lá eu vou. Descubra qual é a tendência do Seu pensamento neste livro, capítulo, passagem ou sentença. Siga-O com singeleza de mente. Descubra o que o Espírito Santo diz, o que Ele pensa, qual é Seu pensamento principal e também Seu pensamento secundário. Ao ler uma passagem da Bíblia, a primeira questão a ser feita é: Qual era a intenção original do Espírito Santo ao escrever essa passagem? Se somos ignorantes quanto à intenção do Espírito Santo, nós podemos no futuro citar erradamente a Escritura. Não é o suficiente apenas ler a letra da Bíblia, memorizando-a e conhecendo alguns significados fragmentados sobre ela. Estudar a Bíblia é estudar os pensamentos do Espírito Santo através de Paulo, Pedro, João e outros quando falam ou lêem. E o entendimento vem apenas quando o pensamento do homem e o do Espírito Santo se unem em um só.

Há uma história de um crente que propositalmente viajou do Egito para a Palestina seguindo as quarenta e quatro estações que os filhos de Israel uma vez viajaram. Ele desviava onde quer que eles houvessem desviado. Seguindo esse curso fielmente, ele finalmente chegou à Palestina. Mais tarde, ele escreveu um livro contando sobre como ele viajou. Seu curso não foi decidido por ele mesmo, ele estava apenas seguindo as pegadas de Moisés. Isso é exatamente como deveríamos estudar a Bíblia: não deveríamos decidir nosso próprio curso; em vez disso, devemos seguir o Espírito Santo. Quando Paulo vai a Jerusalém, nós também vamos a Jerusalém. Onde quer que estejam seu sentimento e pensamento, devemos também sentir e pensar da mesma forma. Não devemos ter um caminho independente; devemos seguir o caminho estabelecido pelo escritores da Bíblia, seguindo o caminho do Espírito Santo. Os leitores de hoje devem pensar o que os escritores do passado pensaram. Os leitores da Bíblia devem ser movidos pelo Espírito Santo a pensar na mesma freqüência que os escritores da Bíblia foram movidos a pensar. Se o nosso pensamento for capaz de seguir o pensamento original do Espírito Santo, entenderemos o que a Bíblia diz.

Três Entradas

Para estudar a Bíblia bem, devemos também penetrar em três coisas do Espírito Santo. Especialmente no estudo do Novo Testamento, essas três coisas são bem manifestas.

Primeiro. O Santo Espírito deseja que entremos no Seu pensamento. Para entender a palavra do Espírito Santo, nosso pensamento deve fundir-se com o pensamento do Espírito Santo. Isso é particularmente importante no entendimento do Novo Testamento.

Segundo. O Santo Espírito insere muitos fatos básicos na Bíblia para que entremos neles. Se falhamos em penetrar estes fatos, não temos outra maneira de conhecer a palavra de Deus. Particularmente nos quatro Evangelhos e nos Atos, o Santo Espírito deseja que entremos nesses fatos prevalecentes.

E terceiro. O Santo Espírito quer que entremos no espírito do que foi escrito. Em muitos lugares, nós precisamos não apenas penetrar o pensamento, mas também no espírito daquele pensamento; não apenas o fato, mas também o espírito daquele fato. Isso é evidente nos Evangelhos, nos Atos e nas Epístolas.

As três coisas acima devem ser penetradas por cada leitor da Bíblia. Quem, então, senão os instruídos e os disciplinados pode entrar nelas? Agora, como essas três questões são ainda concernentes ao problema do homem – de ser apropriadamente treinado – nós a discutimos aqui em vez de as listarmos na próxima seção que trata dos métodos do estudo da Bíblia.

Vejamos, então, como podemos penetrar essas três coisas do Espírito Santo.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

C. Exercitado (Parte C - Não deve ser curioso)

Devemos procurar por precisão, porém não devemos ser curiosos. A palavra de Deus é exata, mas não devemos buscá-la com um coração curioso. Se o fazemos, perderemos seu valor espiritual. A Bíblia é um livro espiritual, portanto precisa ser entendida com o espírito. Se a intenção da nossa busca pela sua precisão for a satisfação da agitação da curiosidade em vez da busca pela espiritualidade, teremos entrado pela caminho errado. Quão infeliz é, que muitos procuram sempre por coisas estranhas na Bíblia. Por exemplo, pessoas gastam muito tempo tentando provar que a árvore do conhecimento do bem e do mal é a videira. Tal estudo da Palavra é fútil. Reconhecendo que se trata de um livro espiritual, devemos tocar vida, espírito, e o Senhor nele. Vendo as coisas espirituais podemos também ver a exatidão da sua letra, porque todas as coisas espirituais são precisas. Seremos desviados em nossa busca se não nos aproximarmos deles do ponto de vista da busca pelas coisas espirituais.

Algumas pessoas viajam pela trilha da curiosidade desordenada, especialmente no estudo da profecia. Eles estudam a profecia não para esperar a volta do Senhor, mas com o propósito de conhecer o futuro. A diferença entre o que é espiritual e o que é não-espiritual é tremenda. Se somos apenas curiosos, tomaremos todas as questões espirituais e preciosas e as transformaremos em coisas não-espirituais e mortas. Isso é de fato muito sério. Devemos discernir diante de Deus o que é valioso e o que não é valioso, o que é essencial e o que é incidental. O mesmo Senhor Jesus que proclama que “até que passem o céu e a terra, nem um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.” Também declara que “vós ... tendes negligenciado os preceitos de maior peso da Lei” (Mat. 5.18, 23.23). A lei á exata ao ponte de nem um jota nem um til passará, mas também contém aqueles que devem ser considerados como os preceitos mais de maior peso. Os curiosos desenfreados escolhem as questões mais leves para estudar. Viajando pela estrada mais leve, eles cedo se tornarão frívolos. A sua condição se encaixa perfeitamente naquilo que o Senhor Jesus se referia quando disse: “Vós ... coais um mosquito e engolis um camelo” (Mat. 23.24). Eles coam o menos mas engolem o mais essencial. Tal maneira de estudar a Bíblia é totalmente errada; e é originada da nossa natureza curiosa. Como podemos esperar estudar bem as Escrituras se nossa natureza permanece sem transformação?

Essas questões mencionadas acima, de subjetividade, descuido e curiosidade são as doenças comuns do homem. Precisamos ter esses defeitos corrigidos diante de Deus para que possamos nos tornar objetivos, precisos, e não-curiosos. Tais hábitos não são formados em um ou dois dias; eles se tornam habituais apenas depois de uma persistente autodisciplina (ou melhor dito, disciplina do Espírito). Onde quer que tomemos as Escrituras para ler, façamos isso objetivamente, acuradamente, e sem curiosidade. E quando nossa natureza e hábito forem corrigidos apropriadamente, estaremos então aptos para estudar bem a Bíblia.

C. Exercitado (Parte B - Não deve ser descuidado)

A Bíblia não deve ser lida descuidadamente uma vez que é um livro muito acurado, exato até ao último jota e til. A palavra de Deus se esvairá através da mínima negligência. Assim como uma pessoa subjetiva perderá a palavra de Deus, assim também uma pessoa descuidada perde também sua lição. Sejamos cuidadosos. Quanto mais uma pessoa conhece a palavra de Deus, mais cuidadosa ela se torna. Para uma pessoa sem pensamento, a leitura da Bíblia se torna casual. Ouvindo a maneira como um irmão lê a Bíblia, você pode prontamente julgar se ele é uma pessoa cuidadosa ou descuidada. É, de fato, um hábito muito mau deixar de ler uma ou mais palavras em um versículo ou passagem. Devido ao mau hábito da incorreção, nós somos frequentemente inexatos no conhecimento da Bíblia. Quão facilmente a palavra de Deus pode ser tomada erradamente se somos minimamente descuidados.

Vamos ilustrar nosso ponto aqui. A Bíblia é muito cuidadosa em seu uso do singular e do plural. O singular e o plural devem ser distinguidos. Por exemplo, a palavra “pecado” tem uma diferença em número no original Grego. O singular “pecado” aponta para a natureza humana, enquanto que o plural “pecados” aponta para os atos pecaminosos do homem. Onde quer que a Bíblia fale de Deus perdoando os pecados do homem, ela sempre se refere aos atos pecaminosos dos homens – plurais em número. Deus nunca perdoa o pecado do homem no singular – ou seja, a natureza humana pecaminosa. Pois o pecado no singular não é perdoado; não, nossa natureza pecaminosa precisa ser liberta, enquanto que nossos atos pecaminosos devem ser perdoados. Isso é claramente distinguido na Bíblia.

“Pecado” e “lei do pecado” também são diferentes. A menos que uma pessoa seja liberta da lei do pecado, ela não é liberta do pecado. Romanos 6 trata com a libertação do pecado, enquanto que Romanos 7 fala da lei do pecado. Se somos um pouco descuidados, poderemos pensar que essas duas coisas são bem similares. Quando vamos a Romanos 6, concluímos que o problema do pecado foi agora resolvido, pois Paulo no final de Romanos 6 já não o conectou ao começo de Romanos 12 trazendo a questão de apresentarmos o corpo e seus membros a Deus? No entanto Paulo sabe muito bem outra coisa: que ser liberto do pecado requer o conhecimento da “lei do pecado”; e para vencer “a lei do pecado” é necessário ter a “lei do Espírito” mencionada em Romanos 8. uma pessoa descuidada pode julgar que “pecado” e “lei do pecado” são bem parecidos: mas então ele perderá a palavra de Deus. Pois a palavra de Deus é bem refinada; cada palavra Sua tem sua ênfase. Se não somos cuidadosos, podemos considerar a palavra de Deus como casual, e assim falhar em entendê-la.

Além da “lei do pecado”, há uma outra lei em Romanos 7, “a lei da morte”. Se somos descuidados, podemos também tomar essas duas leis como idênticas. Porém, na verdade, elas são totalmente diferentes. O pecado é relacionado à impureza, enquanto que a morte é relacionada á invalidez. “O bem que quero fazer, eu não faço” é a “lei da morte”, e “o mal que não quero fazer, esse eu pratico” é a “lei do pecado”. Fazer o que eu não queria fazer é o pecado, mas não fazer o que eu queria fazer é a morte. Através da co-morte, somos libertos da lei do pecado; pela co-ressurreição, somos libertos da lei da morte. De acordo, Romanos 7 mostra-nos não apenas “a lei do pecado”, mas também “a lei da morte”. Se nós somos descuidados, essas verdades certamente serão ignoradas. Uma coisa é evidente: todos os que estudam bem a Bíblia são pessoas cuidadosas e acuradas.

Alguém pode nos ter dito que, uma vez que somos agora vestidos com as vestes de justiça de Jesus – ou seja que Deus nos deu a justiça do Senhor Jesus para ser nossa veste de justiça – não estamos mais nus, podendo aproximar-se de Deus. Não obstante, não há tal ensinamento na Bíblia. Nenhum lugar nas Escrituras ensina que Deus nos dá nos deu a justiça do Senhor Jesus para ser nossa justiça. Em vez disso, ela declara que Deus nos deu o Senhor Jesus para ser nossa justiça. Deus não nos deu um pedaço da justiça do Senhor para ser nossa justiça, pois Ele deu o próprio Senhor Jesus para ser nossa justiça. Quão vasta é essa diferença aqui! Os descuidados podem considerar a justiça do Senhor Jesus e o senhor Jesus como a justiça como sendo a mesma coisa, não percebendo que a justiça do Senhor Jesus pertence somente a Ele e não pode ser imputada a nós. Qualquer que vier a Deus deve ter justiça. O Senhor Jesus, Ele mesmo, precisa de justiça para vir diante de Deus; Sua própria justiça é Sua, para Seu uso próprio. E aquela justiça é a justiça que Ele vive na terra. Se fosse possível que aquela justiça fosse transferida para nós, nós teríamos de fato justiça; mas porque, então, devia o Senhor Jesus morrer por nós? Mas o fato é que Sua justiça não pode ser transferida. Ela é para sempre dEle, e ninguém pode compartilhar a Sua justiça.

Qual é, então, a nossa justiça? O próprio Senhor Jesus, e não a Sua própria justiça, se torna nossa justiça. Com a exceção de 2 Pedro 1.1 (“a justiça do nosso Deus e Salvador Jesus Cristo”), que carrega um significado especial, todas as outras passagens do Novo Testamento inteiro falam do próprio Senhor Jesus sendo nossa justiça, nunca Sua justiça se tornando nossa justiça. A justiça do Senhor Jesus qualifica Ele para ser o Salvador: uma vez que Ele tem justiça, Ele não tem necessidade de expiação. Ele próprio é, porém, justificado por Deus e nos é dado como justiça. Somos vestidos com Ele. Estando vestidos de Cristo, estamos vestidos de justiça. Somos justificados perante Deus, não porque temos tantas boas obras, mas por que estamos vestidos de Cristo o qual é nossa justiça. Somos aceitos no Filho Amado, não na justiça do Filho Amado. A fim de estudar bem a Bíblia, precisamos ser exatos.
Algumas pessoas sugerem que é o sangue do Senhor Jesus que nos dá vida, significando que nossa nova vida é baseada em Seu sangue. Eles argumentam que bebendo o sangue do Senhor Jesus nós obtemos vida. Que Escritura eles usam? Eles citam a palavra em Levítico 17.14: “A vida de toda carne está em seu sangue.” Se lermos essas palavras superficialmente, podemos ver essa interpretação como razoável. No entanto, o sangue não dá nos dá nova vida. Pois o sangue é para expiação; o sangue é para satisfazer a exigência de Deus. Nós encontramos o princípio ordenado a esse respeito em Êxodo 12.13, que diz, “Quando eu vir o sangue, passarei sobre vocês.” O sangue é para Deus ver. É para satisfazer a Sua exigência, não a nossa. Há apenas um lugar na Bíblia que fala da eficácia do sangue junto a nós – de que é efetivo sobre a nossa consciência, que na realidade é para com Deus também.

Qual é, então, o significado da “vida” em Levítico 17? Essa palavra vida é “alma” na linguagem original e, portanto, aponta para a “vida da alma”. O Senhor Jesus derramou a Sua própria vida da alma. Diz Isaías, “Ele derramou a sua alma até a morte” (53.12). Ao derramar Seu sangue, o Senhor Jesus derramou Sua alma. E isso é para expiação. Na cruz, Ele clamou em alta voz, “Pai, nas tuas mãos eu entrego meu espírito” (Lucas 23.46); e tendo dito isso Ele morreu. Seu corpo estava pendurado na cruz; sua alma fora derramada no sangue para expiação (a característica do homem é a alma; a alma que peca deve morrer; assim, o assento da personalidade humana deve morrer); e Seu espírito foi entregue a Deus.

Em João 6 há várias referências como “Aquele que comer da minha carne e beber do meu sangue tem vida eterna”, e, “O pão que eu darei é a minha carne, pela vida do mundo”; mas nunca diz que quem beber do sangue tem vida. A fim de obter vida, é necessário que haja o comer da carne junto com o beber do sangue. Aprendamos a ser pessoas cuidadosas. Se misturamos o que Deus tem separado, podemos facilmente desentender Sua palavra. Não devemos ler a Bíblia casualmente. Buscando as Escrituras cuidadosamente, reunindo as centenas de passagens sobre o sangue, podemos ver que o sangue á para satisfazer a exigência de Deus, não a nossa.

Suponha que alguém diz: Nós não vamos mais pecar se o sangue purificou nosso coração e lavou a raiz do nosso pecado. Como deveríamos responder? Replicaremos: O sangue do Senhor nunca lavou nosso coração. Em nenhum lugar a Bíblia diz que o sangue do Senhor Jesus lava nosso coração. Em vez disso, a Palavra indica que Deus tem nos dado um novo coração. O coração é enganoso sobre todas as coisas; ele não pode ser lavado nem limpo. O sangue é para expiação do pecado, não para limpeza. É para perdão, não para santidade (santidade perante Deus e santidade no homem não são a mesma coisa).

Alguém pode levantar uma objeção dizendo, Hebreus 10 não menciona como o sangue do Senhor Jesus lava nosso coração? Não, a declaração lá diz, “Tendo nossos corações aspergidos de uma má consciência” (v. 22). A consciência é parte do coração; é a única parte onde somos conscientes do pecado. O sangue satisfaz a exigência da consciência do nosso coração e também a exigência de Deus.

Assim que percebemos como o Senhor Jesus expiou nosso pecado, nossa consciência naturalmente não terá mais consciência do pecado. Dessa forma, o efeito do pecado sobre a nossa consciência não é impedir-nos de pecar, mas libertar-nos da consciência do pecado. Não pecar é a obra do Santo Espírito. Não devemos confundir a obra do sangue com a obra do Espírito Santo.

Devemos desenvolver o hábito da precisão diante de Deus. Se não somos precisos, nós traremos dano à exatidão de Deus. Pessoas com o hábito da imprecisão não serão aptas para encontrar nada nas suas leituras da Bíblia. Devemos entender que a Bíblia é tão exata que não permite imprecisões. Aceitemos o treinamento para a precisão.