sábado, 31 de maio de 2008

3. Dois métodos de treinamento

A fim de treinar nosso pensamento, devemos adotar ambos os métodos a seguir.
Primeiro método- Separe o texto e a explicação. Ao pesquisar o Novo Testamento, podemos tentar pôr todas as explicações do Espírito Santo dentro de colchetes. Tudo o que está entre colchetes são ramos, enquanto que o que está fora são as hastes principais. Através do material “sem-colchetes”, podemos rapidamente descobrir o pensamento principal.

Vamos tentar este método em Romanos. “Paulo, servo de Jesus Cristo, chamado para ser um apóstolo, separado para o evangelho de Deus” (1.1). Isso é distintivamente a palavra introdutória ao livro de Romanos. “O qual ele prometeu através de seus profetas nas santas Escrituras, a respeito de seu Filho, que nasceu da semente de Davi de segundo a carne, que foi declarado filho de Deus com poder, segundo o espírito de santidade, pela ressurreição dos mortos; Cristo Jesus, nosso Senhor” (1.2-4). Isso é para explicar o evangelho; e, assim, isso é a ramificação. Podemos pôr esses três versos em colchetes. “Por quem recebemos graça e apostolado, pela obediência da fé entre todas as nações, pelo seu nome” (1.5). Esse é o texto. Se estudamos todo o livro de Romanos dessa forma, poderemos ver o pensamento principal nesta carta.

No começo, não procure a explicação. Separe o texto primeiro e então estude a explicação. Descubra o pensamento principal do Espírito Santo e adicione a ele a explicação posteriormente O que é o evangelho? “Que ele [Deus] prometeu através de seus profetas nas santas Escrituras.” Deus primeiro profetiza do evangelho antes de enviar o Senhor Jesus para realizá-lo. Na realização do evangelho, há duas partes: a da carne e a do espírito: uma é a vida do Filho de Maria na terra e a outra é vida do Filho de Deus no céu. Os quatro Evangelhos estão na parte carnal, enquanto que as Epístolas falam da parte espiritual. Então, quando lemos, podemos conectar o verso 5 com o verso 1, deixando os versos 2-4 para um estudo posterior. Sempre leia o pensamento principal primeiro e então leia a explicação; e dessa forma entraremos no pensamento original do apóstolo. Toda a Bíblia, especialmente as Epístolas, deveria ser lida dessa maneira. Cada servo de Deus deve saber qual é o pensamento principal ou o tema de cada livro e qual é sua explicação. Esse é o primeiro passo a tomar.

Qual é a vantagem de tomar esse primeiro passo? Ele ajuda-nos a ver em uma certa passagem quantas são as verdades principais e quantas são suas explicações. Quando nos levantamos para ser ministros da palavra de Deus, devemos dar pensamentos principais junto com explicações. Embora, como ministros de Deus, nunca seremos iguais aos primeiros apóstolos em sua perfeição e profundidade, o mesmo princípio nos governa. Assim que separamos o texto na Escritura de sua explicação, imediatamente observamos um maravilhoso fato: que a quantidade e grau de explicação dada na Bíblia são exatamente certos. Nos curvaremos e louvaremos ao Senhor, dizendo, Quão perfeita é Tua palavra! Ao dar uma mensagem, quão facilmente nossas palavras tornam-se fracas e elementares se usamos muitas explicações e ilustrações. Notemos a forma como a explicação é dada na Bíblia. Palavras de explicação não deveriam ser usadas profusamente; explique apenas quando as pessoas não entendem. A explicação é para fazer a pessoas entenderem, por isso não deve ser usada demais. Quão balanceada é a foram como as Sagradas Escrituras são escritas!

Segundo método- Devemos tentar reescrever o texto com nossas próprias palavras; parafraseá-lo com palavras que nós mesmo consideramos facilmente inteligíveis. Por exemplo, Romanos 1.1, 5 e 6 são o texto. Essas palavras foram escritas por Paulo. Agora, depois de ter compreendido o pensamento de Paulo, devemos tentar pôr em nossas próprias palavras. Comece escrevendo apenas o texto, não a explicação entre parênteses. Isso é semelhante a escrever em nossas próprias palavras qualquer história que nos é contada pelo nosso professor depois de haver compreendido. Ao parafrasear as Escrituras, devemos ser o mais possivelmente objetivos, ou seja, reescrevendo passagens de acordo com seu sentido original, sem adicionar nosso próprio pensamento. Precisamos treinar a nós mesmos para seguir o pensamento do Espírito Santo, unindo nosso pensamento com o Seu.

Sem dúvida, podemos cometer erros ao parafrasear as Escrituras. Depois de muitas vezes de correção, no entanto, podemos um dia ser mais precisos nesse trabalho. Se uma pessoa pode aprender dessa maneira, ela pode mais facilmente entender a palavra de Deus. O que é essencial é pôr-se completamente de lado. Nós falharemos se formos orgulhosos ou subjetivos. Devemos aprender a ser objetivos, humildes e submissos. O pensamento do humilde e submisso naturalmente seguirá o pensamento do Espírito Santo. Cada um que estuda as Escrituras deve aprender essa lição.

2. Encontrar a haste e os ramos

A palavra na Bíblia tem seu tema assim como sua explicação. Algumas palavras são de significação primária, outras são de um tipo subordinado. Algumas são como hastes (ou eixos), outras são como ramificações. Nós não devemos perseguir as ramificações e abandonar as hastes, nem notar as hastes e negligenciar os ramos. Precisamos observar cuidadosamente o que o Espírito Santo está mirando em um livro particular; como Ele o diz, quantas coisas Ele menciona, e com quantas palavras Ele finalmente alcança o objetivo. Sigamos o pensamento do Espírito Santo e pensemos sobre essas coisas passo a passo. Tenha me mente que o Espírito Santo tem Seu pensamento principal assim com Sua explicação. Assim como alguém, por exemplo, faz uma explicação em poucas palavras depois de ter começado a escrever um tópico. Isso poderia ser chamado de ramo (ou ramificação). Um ramo, porém, nunca cresce até ao céu sem retornar à terra. Assim, depois de o Espírito Santo ter explicado com cinco ou dez versos, Ele voltará à haste. Não estejamos tão ocupados com a explicação a ponto de falhar em retornar ao assunto principal a que o Espírito Santo está conduzindo. Nas Epístolas, freqüentemente encontramos uma passagem de pensamento principal interpolada por uma seção de explicação. A fim de entender o que estamos lendo, devemos claramente distinguir quais palavras são hastes e quais palavras são ramos. Não devemos simplesmente correr através delas. Quando o Espírito Santo se desvia para explicar, devemos também se desviar. Quando Ele retorna ao tema, devemos ser muito responsáveis, não confiando em nós mesmos, nem confiando na carne.

A palavra na Bíblia tem suas hastes e seus ramos, e essas duas estão mutuamente unidas para formar um todo completo. Por exemplo, ao escrever a carta aos Romanos, o Espírito Santo não nos deu alguns versos isolados como 3.23 ou 6.23 ou 8.1. O livro inteiro apresenta um pensamento inteiro, uma entidade completa, sem faltar em nada. Por essa razão, não devemos pregar sobre alguns versículos tirados de seu contexto. Devemos emprestá-los por razões específicas, mas precisamos fazer distinção entre pegar emprestado das Escrituras e explicá-las detalhadamente. Mesmo emprestando, devemos ainda conhecer o contexto, sob risco de usá-las erradamente como pretexto.

Uma vez tendo nosso pensamento disciplinado, seremos agora capazes de aprender como fixar a luz com nosso pensamento. A luz brilha, mas por apenas um instante; deve, por isso, ser fixada pelo pensamento. Se nosso pensamento é indisciplinado, não sabendo como entrar no pensamento do Espírito Santo, seremos incapazes de fixar a luz com o pensamento quando a revelação vier. Consequentemente, nosso pensamento deve ser disciplinado para ser totalmente objetivo e seguir totalmente o Espírito Santo.

O Espírito Santo tem Sua maneira de falar. Por exemplo, Romanos Capítulo 1 e 2 falam do pecado do homem; o Capítulo 3, de redenção; o Capítulo 4, de fé; o Capítulo 5, do pecador; o Capítulo 6, do pecador que morreu; o Capítulo 7, das duas leis; o Capítulo 8, do Espírito Santo; os Capítulos 9-11, de ilustrações; o Capítulo 12, de Cristo e a igreja; e os Capítulos 13-16, dos vários aspectos da conduta de uma pessoa salva.
Quando lemos esse livro, devemos saber o que o Espírito Santo queria dizer naquela ocasião. Notemos que, em cada seção da sua carta, o Espírito Santo tem Seu pensamento principal. Ele primeiro fala do pecado do homem, depois na sua solução e a realização da justiça de Deus. Isso é seguido pela questão da fé e a dificuldade com a fé, que é a obra do homem. Além do problema do pecado do homem, há também o problema do próprio homem. Então, no capítulo 6, o Espírito Santo habita no pecador (ou velho homem) crucificado. O problema do pecado do homem é resolvido pela fé no Senhor como nosso substituto; o problema do pecador é resolvido pelo crer na co-morte como o Senhor. Nos capítulos 9-11, o Espírito usa Israel para ilustrar a graça de Deus e a fé. Então, no capítulo 12, Ele descreve a situação de um Cristão consagrado; e assim por diante. Do Capítulo 1, através do Capítulo 16, os sentimentos interiores de Paulo são bem notáveis. E essas são as hastes principais.
Mas, quanto aos ramos, desde a primeira seção há alguns. Quando o Espírito Santo está explicando o pecado do homem, Ele distingue os judeus e os gentios antes de retornar ao Seu pensamento principal. No estudo da Bíblia, portanto, devemos seguir o pensamento do Espírito Santo.

1. Unir-se com o pensamento do Espírito Santo

Um estudante da Bíblia deve ser uma pessoa objetiva; ele não deve confiar no seu próprio pensamento. O Espírito Santo tem um pensamento; o pensamento do homem precisa entrar no Seu pensamento e se fundir com ele. Quando o Espírito Santo pensa, eu penso. Pode ser semelhante a um rio, do qual o Espírito Santo é a corrente principal e eu sou um afluente. O Espírito Santo é como uma grande corrente, e eu como uma pequena corrente. A água da pequena corrente e a água da corrente grande se unem e fluem juntas. Se a corrente flui para leste, a pequena corrente também flui para leste. Apesar da pequenez da corrente menor, ela alcançará o vasto oceano se fluir com a grande corrente.

A ênfase na Bíblia varia: às vezes enfoca o fato, às vezes o espírito, mas às vezes enfoca o pensamento. Seja qual for a ênfase, todos os três elementos estão sempre presentes. No momento em que o pensamento prevalece, estarão presentes também o espírito e o fato, e assim por diante. Agora, quando encontramos o pensamento do Espírito Santo, nós devemos ser objetivos assim como capazes de seguir Seu pensamento. Eles podem forçar a si mesmos para pensar de acordo com o Espírito Santo por dez minutos, mas então seu próprio pensamento automaticamente toma conta. Tais pessoas subjetivas são incapazes de estudar a Bíblia. O tratamento da pessoa é, portanto, uma das condições básicas para o estudo da palavra de Deus.

Ao ler as Escrituras, a pessoa deve usar a mente; mas seu pensamento e o pensamento do Espírito Santo devem seguir a mesma linha e a mesma direção. Onde quer que o Espírito Santo vá, lá eu vou. Descubra qual é a tendência do Seu pensamento neste livro, capítulo, passagem ou sentença. Siga-O com singeleza de mente. Descubra o que o Espírito Santo diz, o que Ele pensa, qual é Seu pensamento principal e também Seu pensamento secundário. Ao ler uma passagem da Bíblia, a primeira questão a ser feita é: Qual era a intenção original do Espírito Santo ao escrever essa passagem? Se somos ignorantes quanto à intenção do Espírito Santo, nós podemos no futuro citar erradamente a Escritura. Não é o suficiente apenas ler a letra da Bíblia, memorizando-a e conhecendo alguns significados fragmentados sobre ela. Estudar a Bíblia é estudar os pensamentos do Espírito Santo através de Paulo, Pedro, João e outros quando falam ou lêem. E o entendimento vem apenas quando o pensamento do homem e o do Espírito Santo se unem em um só.

Há uma história de um crente que propositalmente viajou do Egito para a Palestina seguindo as quarenta e quatro estações que os filhos de Israel uma vez viajaram. Ele desviava onde quer que eles houvessem desviado. Seguindo esse curso fielmente, ele finalmente chegou à Palestina. Mais tarde, ele escreveu um livro contando sobre como ele viajou. Seu curso não foi decidido por ele mesmo, ele estava apenas seguindo as pegadas de Moisés. Isso é exatamente como deveríamos estudar a Bíblia: não deveríamos decidir nosso próprio curso; em vez disso, devemos seguir o Espírito Santo. Quando Paulo vai a Jerusalém, nós também vamos a Jerusalém. Onde quer que estejam seu sentimento e pensamento, devemos também sentir e pensar da mesma forma. Não devemos ter um caminho independente; devemos seguir o caminho estabelecido pelo escritores da Bíblia, seguindo o caminho do Espírito Santo. Os leitores de hoje devem pensar o que os escritores do passado pensaram. Os leitores da Bíblia devem ser movidos pelo Espírito Santo a pensar na mesma freqüência que os escritores da Bíblia foram movidos a pensar. Se o nosso pensamento for capaz de seguir o pensamento original do Espírito Santo, entenderemos o que a Bíblia diz.

Três Entradas

Para estudar a Bíblia bem, devemos também penetrar em três coisas do Espírito Santo. Especialmente no estudo do Novo Testamento, essas três coisas são bem manifestas.

Primeiro. O Santo Espírito deseja que entremos no Seu pensamento. Para entender a palavra do Espírito Santo, nosso pensamento deve fundir-se com o pensamento do Espírito Santo. Isso é particularmente importante no entendimento do Novo Testamento.

Segundo. O Santo Espírito insere muitos fatos básicos na Bíblia para que entremos neles. Se falhamos em penetrar estes fatos, não temos outra maneira de conhecer a palavra de Deus. Particularmente nos quatro Evangelhos e nos Atos, o Santo Espírito deseja que entremos nesses fatos prevalecentes.

E terceiro. O Santo Espírito quer que entremos no espírito do que foi escrito. Em muitos lugares, nós precisamos não apenas penetrar o pensamento, mas também no espírito daquele pensamento; não apenas o fato, mas também o espírito daquele fato. Isso é evidente nos Evangelhos, nos Atos e nas Epístolas.

As três coisas acima devem ser penetradas por cada leitor da Bíblia. Quem, então, senão os instruídos e os disciplinados pode entrar nelas? Agora, como essas três questões são ainda concernentes ao problema do homem – de ser apropriadamente treinado – nós a discutimos aqui em vez de as listarmos na próxima seção que trata dos métodos do estudo da Bíblia.

Vejamos, então, como podemos penetrar essas três coisas do Espírito Santo.