sábado, 31 de maio de 2008

2. Encontrar a haste e os ramos

A palavra na Bíblia tem seu tema assim como sua explicação. Algumas palavras são de significação primária, outras são de um tipo subordinado. Algumas são como hastes (ou eixos), outras são como ramificações. Nós não devemos perseguir as ramificações e abandonar as hastes, nem notar as hastes e negligenciar os ramos. Precisamos observar cuidadosamente o que o Espírito Santo está mirando em um livro particular; como Ele o diz, quantas coisas Ele menciona, e com quantas palavras Ele finalmente alcança o objetivo. Sigamos o pensamento do Espírito Santo e pensemos sobre essas coisas passo a passo. Tenha me mente que o Espírito Santo tem Seu pensamento principal assim com Sua explicação. Assim como alguém, por exemplo, faz uma explicação em poucas palavras depois de ter começado a escrever um tópico. Isso poderia ser chamado de ramo (ou ramificação). Um ramo, porém, nunca cresce até ao céu sem retornar à terra. Assim, depois de o Espírito Santo ter explicado com cinco ou dez versos, Ele voltará à haste. Não estejamos tão ocupados com a explicação a ponto de falhar em retornar ao assunto principal a que o Espírito Santo está conduzindo. Nas Epístolas, freqüentemente encontramos uma passagem de pensamento principal interpolada por uma seção de explicação. A fim de entender o que estamos lendo, devemos claramente distinguir quais palavras são hastes e quais palavras são ramos. Não devemos simplesmente correr através delas. Quando o Espírito Santo se desvia para explicar, devemos também se desviar. Quando Ele retorna ao tema, devemos ser muito responsáveis, não confiando em nós mesmos, nem confiando na carne.

A palavra na Bíblia tem suas hastes e seus ramos, e essas duas estão mutuamente unidas para formar um todo completo. Por exemplo, ao escrever a carta aos Romanos, o Espírito Santo não nos deu alguns versos isolados como 3.23 ou 6.23 ou 8.1. O livro inteiro apresenta um pensamento inteiro, uma entidade completa, sem faltar em nada. Por essa razão, não devemos pregar sobre alguns versículos tirados de seu contexto. Devemos emprestá-los por razões específicas, mas precisamos fazer distinção entre pegar emprestado das Escrituras e explicá-las detalhadamente. Mesmo emprestando, devemos ainda conhecer o contexto, sob risco de usá-las erradamente como pretexto.

Uma vez tendo nosso pensamento disciplinado, seremos agora capazes de aprender como fixar a luz com nosso pensamento. A luz brilha, mas por apenas um instante; deve, por isso, ser fixada pelo pensamento. Se nosso pensamento é indisciplinado, não sabendo como entrar no pensamento do Espírito Santo, seremos incapazes de fixar a luz com o pensamento quando a revelação vier. Consequentemente, nosso pensamento deve ser disciplinado para ser totalmente objetivo e seguir totalmente o Espírito Santo.

O Espírito Santo tem Sua maneira de falar. Por exemplo, Romanos Capítulo 1 e 2 falam do pecado do homem; o Capítulo 3, de redenção; o Capítulo 4, de fé; o Capítulo 5, do pecador; o Capítulo 6, do pecador que morreu; o Capítulo 7, das duas leis; o Capítulo 8, do Espírito Santo; os Capítulos 9-11, de ilustrações; o Capítulo 12, de Cristo e a igreja; e os Capítulos 13-16, dos vários aspectos da conduta de uma pessoa salva.
Quando lemos esse livro, devemos saber o que o Espírito Santo queria dizer naquela ocasião. Notemos que, em cada seção da sua carta, o Espírito Santo tem Seu pensamento principal. Ele primeiro fala do pecado do homem, depois na sua solução e a realização da justiça de Deus. Isso é seguido pela questão da fé e a dificuldade com a fé, que é a obra do homem. Além do problema do pecado do homem, há também o problema do próprio homem. Então, no capítulo 6, o Espírito Santo habita no pecador (ou velho homem) crucificado. O problema do pecado do homem é resolvido pela fé no Senhor como nosso substituto; o problema do pecador é resolvido pelo crer na co-morte como o Senhor. Nos capítulos 9-11, o Espírito usa Israel para ilustrar a graça de Deus e a fé. Então, no capítulo 12, Ele descreve a situação de um Cristão consagrado; e assim por diante. Do Capítulo 1, através do Capítulo 16, os sentimentos interiores de Paulo são bem notáveis. E essas são as hastes principais.
Mas, quanto aos ramos, desde a primeira seção há alguns. Quando o Espírito Santo está explicando o pecado do homem, Ele distingue os judeus e os gentios antes de retornar ao Seu pensamento principal. No estudo da Bíblia, portanto, devemos seguir o pensamento do Espírito Santo.

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